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A Crise, O Downsizing e a Matemática

por impressoemmeiahora, Quinta-feira, 19.07.12

O Downsizing, a eficiência máxima, é defendida por muita gente. Em suma: o pessoal fica óptimo a fazer dinheiro.

 

O problema e que estamos numa fase de Downsizing social, ou seja, quem tem muito a fazer cada vez mais, quem tem 0 continua a fazer zero.

 

Quem tem 0, desconta 0. Quem tem muito, uso cada vez menos % do que tem (pois é muitissimo), e desconta assim menos.

 

No Hattrick, modelo virtual de um mercado económico, existiu uma queda história do preço dos jogadores porque as equipas cada vez mais se preocupavam em juntar dinheiro que assim desaparecia do mercado.

 

A Crise, que tem servido para tudo, não é mais que isto: desvio gigantesco de rendimentos. 

 

Eu que sou conhecido pelas dicotomias bom/mau, acho que isto é bom. Acho que quem ganha muito o faz, maioritariamente, por mérito: é realmente muito bom a fazer dinheiro. O aborrecido é que a maioria das pessoas, mais limitadas, está a ficar SEM NADA. 

 

O dinheiro está a sair do comum mortal/empresa fluindo para os mais capazes. Os mais capazes uma minoria, os menos capazes larga maioria.

 

Resultado: desemprego, precariedade, mais subídios, menos impostos... Crise.

 

 

Para reforçar as minhas afirmações, reparem no seguinte exercício do gráfico acima:

- A riqueza total de um país, assumi, cresce 3% ao ano.

- Assumi que 10% da população, mais capaz, detentora de 30% da riqueza, é capaz de fazer crescer o seu dinheiro a 7% ao ano.

- 90% da população, menos capaz, fica com a diferença entre aquilo que o país cresce e os ricos crescem (ricos+pobres=Riqueza total).

 

Reparem que durante 11 anos, ricos e pobres conseguiram fazer crescer a sua riqueza. Mas a partir daí, o diheiro que é finito, é progressivamente desviado para os ricos, sendo que os pobres ao fim de 33 ficam nos negativos.

 

O nosso modelo económico é por isso um total fracasso.

 

Existem uns tipos do EUA que dizem mais ou menos isto:

 

"De acordo com o professor da Universidade de Barclay Alan Auerbach, em 1976, 1% dos mais ricos da população dos EUA arrecadava 9% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2008, o volume de recursos para aquele 1% atingiu 23,5% do PIB. E hoje, já superou 25%. 


Em seu livro Fault Lines, Raghuran Rajan sustenta que a crise iniciada em 2008 se deve à abertura da tesoura de rendimentos entre os ricos e os pobres. Em analogia, os primeiros trabalham menos e pagam menos impostos do que os pobres, enquanto, simultaneamente, consomem parcela mínima de seus rendimentos, mas apoderando-se de uma grande parcela do PIB. 

Também, sustenta Rajan que o aumento disparidade entre os dois extremos da sociedade reduz a participação de grande parcela da população, particularmente dos desempregados, no exigível esforço de aumento do PIB. 

Tudo isso piora a atmosfera em uma sociedade e gera tendências de desistência. Algo que limita qualquer perspectiva de crescimento. Trata-se de uma situação que caracteriza plenamente os países da periferia européia. E constitui uma verdade diferente daquela dos déficits e da necessidade de apoiar o sistema bancário."

 

Depois falem-me em Crise.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por impressoemmeiahora às 02:40

13 comentários

De Muito bom! a 19.07.2012 às 03:43

Procurem por aí textos desta qualidade...

De Anónimo a 19.07.2012 às 15:53

Um pequena achega a outro problema, a riqueza material é finita, mas as impressoras dos bancos centrais podem criar do nada o dinheiro que bem entenderem.

É por isso que a longo prazo deter cash será um erro. Deter activos será o ideal desde que estes não sejam taxados com impostos sobrenaturais. E aquele activo que historicamente nos pode dar outros activos é aquele que o Xico tanto gosta. A terra.

Se calhar não disse nada de jeito mas não me apetece apagar.

De Prof. Dr. a 20.07.2012 às 10:51

Quando não trabalho, estudo Ecologia.
Existem padrões que se repetem e que deveríamos usar no nosso dia-a-dia antes de pensar que a nossa racionalidade conseguiria integrar e reproduzir uma solução para os nosso problemas. A Natureza testou milhões de maneiras e só algumas ficaram para contar.

Ensina a Ecologia que duas plantas diferentes, mesmo que a diferença seja mínima, não podem, a longo prazo ocupar o mesmo nicho.

Para querermos viver todos num sistema capitalista com determinadas regras fixas (mesmo que incluam a redistribuição artificial do dinheiro) haverá sempre alguém a ter mais sucesso que outros.

Então porque é a Natureza tão diversa?

Porque para além das grande catástrofes (tornados, terremotos, inundações) e pequenas (queda de uma árvore, pisar de uma erva pelo homem) que trazem tudo a zero outra vez, existem diferentes nichos para explorar.

No sistema actual em que a economia ocupa toda a realidade, fazer dinheiro é o único nicho. Se ao invés se valorizar outras realidades, a diferença permite que todos sejamos "ricos".

Outra questão: Quem fez do dinheiro e da economia o que eles são hoje? Eu não sei bem mas tenho uma suspeita...

De Atento a 20.07.2012 às 13:48

Tenho de discordar. O meu nicho é comer francesinhas.

Mas para isso preciso de dinheiro.

De Barros a 20.07.2012 às 14:50

Prof. Dr. a tua demonização do dinheiro, patente nas tuas recentes intervenções neste blog preocupa-me.

O dinheiro não é mais que uma forma fácil, objectiva, transparente de se proceder à troca de bens, serviços e força de trabalho. O homem é um ser por natureza ambicioso e que deseja, mais e melhores bens e serviços.

Nunca ninguém disse que o ter ou não ter dinheiro é factor único da possibilidade de se fazerem milhões coisas.
Mas uma coisa é verdade, o acúmulo de dinheiro(ou seja a capacidade de adquirir outros bens e serviços) se for substancial é o que possibilitará a tua independência (o fazeres o que queres, quando queres, porque queres). Não entender que é um enorme factor limitativo é estar desfasado da realidade.

Dito isto falemos no caso concreto da tua paixão pela agricultura e natureza. Do teu projecto magnífico de Food Forest em particular.

A satisfação, alegria que encontras no desenvolvimento desse projecto, no crescimento de uma árvore, no primeiro fruto que aparece, nos aromas que libertam etc outras pessoas terão as suas satisfações e alegrias numa enormidade de acontecimentos distintos, objectos variados, e pessoas estimadas que os rodeiam também.

O teu projecto que idealmente se sustentará a ele próprio liberta-te de teres de adquirir produtos a outrem, e para mais com qualidade muitíssimo superior. Portanto o teu projecto quer tu queiras quer não tem também uma componente económica. O que deixares de gastar, sobra, não desaparece, acumula e pode ser usado noutras coisas. No fundo é um processo de preservação e de criação de riqueza também(a níveis difíceis de quantificar, como ambiental e de saúde).

E é por isso que a tua demonização da Economia ainda me preocupa mais que a tua demonização do dinheiro.

A Economia é uma ciência social, não é matemática. Depende do ser humano, das suas acções e vontades individuais, de como elas se interrelacionam e como afectam os outros no seu agregado. Um ser humano relaciona-se com os outros, adquire coisas, troca outras. Temos tempo limitado e aplicamos no que podemos/queremos. São decisões tomadas de acordo com a vontade de cada um, modelada pelas leis e valores em vigor à época. Tem portanto uma componente subjectiva que integra todas as vivências e escolhas do ser humano.

Portanto, sim, toda a realidade tem a sua importância para a Economia. Dizer que no sistema actual a Economia ocupa toda a realidade é que não é correcto. Uma coisa são as capas dos jornais. Outra coisa é a tal realidade.

Bom fim de semana a todos.

De Fleming a 20.07.2012 às 15:30

Por favor... uma PL ao Barros.

(Claro que não é o Barros)

De Visitante a 20.07.2012 às 21:30

Como é que este blog, cheio de habitantes da linha VERMELHA do gráfico, se atreve a vir falar em Agricultura?

Gostava de os ver com a mesma conversa com pimenta no cu!

De Mirante a 21.07.2012 às 11:38

Só dois não fazem parte da linha vermelha.

De Barros a 21.07.2012 às 18:40

Mas o que é que interessa quem faz parte da linha?

Eu não faço nem nunca farei parte. Mas o Ervinhas faz de certeza.

De Tino a 21.07.2012 às 19:19

Barros tu não fazes parte de nada.

Como veremos na próxima edição do Projecto o que sabes e pensas dos teus amigos :D

De Barros a 23.07.2012 às 13:21

Estou a gostar de vos ver a falarem por mim e de mim.
Mas já começa a cansar a discussão sempre à volta do mesmo tema e que ainda por cima não leva a lado nenhum. Estas decisões da "economia" não passam pelo mexilhão.

De Barros a 23.07.2012 às 14:19

E que tal regressar à temática do ciclismo (Figueiras, podes falar do tour) ou do Benfica que levou uma trepa ontem?

De Juvenal a 25.07.2012 às 00:04

Este texto e gráfico parecem tirados dum panfleto do BE, dos Verdes ou do bolso do Jerónimo. É o que dá ler autores que, por variadas razões, estão a margem do pensamento corrente.
E quão importantes são esses autores - sem eles, o mundo não avança. São precisos aparecerem vários, cada um com a sua ideia para que finalmente uma vingue e o mundo dê o salto. O problema é que, muitas vezes, antecipam demasiado as coisas e, por isso, estão certas no conteúdo mas erradas no tempo.
Faz lembrar o de Vairão, que advoga o projecto de food forest e permacultura - e consegue-se identifcar vários benefícios em relação à agricultura ortodoxa - mas esquece-se que o mundo tem 7 biliões de pessoas e elas querem comer mas não querem gastar todo o tempo e dinheiro na comida, e, como pouca pouca gente apoia o fascismo, não temos nenhum louco para dizimar uma parte para a comida chegar para todos. Além disso, ao contrário do pensamento económico prevalente, o homem evolui para a especialização o que faz com que todos sejamos dependentes das melhores capacidades de cada um aplicadas nas tarefas especificas. Por isso, embora fosse possivel cultivar a propria comida, construir a propria casa, fabricar a propria roupa, isso significaria um retrocesso grande. Mas o de Vairão está certo, ele é um gerador, mas talvez seja demasiado cedo e não para todos.
Mas voltando ao gráfico: O sr. Abel ainda não especificou o que é um rico e assim fica dificil de contrapor. É porque se só se contar o dinheiro, talvez o gráfico esteja certo mas desconfio que a riqueza não se mede só pelo capital.
Aquilo que se verifica é uma evolução crescente do produto humano (linha verde mas não tão linear) e a melhoria global das condições de vida de todas as pessoas. Concordo que seja a ritmos diferentes, mas todos a melhorar.
Além disso o que se verifica é uma convergência entre pobres e ricos - ver Portugal em relação à Europa nos últimas décadas, os BRIC em relação aos EUA e UE.
A crise é mesmo isso - a perda de capital dos ocidentais para a melhoria brutal das condições de vida dos paises asiáticos. Eles, pobres, melhoraram muito as suas condições e ainda tem muito para melhorar, em detrimento de alguns excessos da nossa parte (embora seja preciso relacionar com o tempo- talvez daqui a décadas não seja exagero).
Mesmo nos países ricos, a convergência existe - um "pobre" tem muitos mais bens materiais do que tinha há anos e o rico tem mais poupança mas em bens materiais pouco terá evoluido (até porque não tem muita margem para aumentar consumo). Os próprios ricos tambem levaram pancada na poupança durante esta crise, mas não chega a afectar o consumo. No tempo actual, os pobres e as pessoas com mais dificuldades tem mais apoios do que havia há anos atrás o que faz notar que há distribuição - pode é não ser tanta como desejável (depende da relação com a sociedade).
Voltando a especialização, haver pessoas mais capazes (como foi dito pelo Barros falso e pelo de Vairão) é algo inato e permite que essas pessoas consigam feitos de tal ordem que dá para eles e para os outros (com as devidas regras). O retirar ou penalizar estes pode penalizar o todo. Ou acham que o Messi deveria ser obrigado a passar mais a bola para não marcar demasiados golos e assim se notar que ele é muito melhor? nem deve ser obrigado nem os próprios colegas querem. Ou o Benfica não deveria humilhar tanto o Sporting ou o Porto?
O próprio Fundo D. Branca aproveita isto - o facto de haver muitos patos a fazer múltiplas e apostas parvas faz om que haja dinheiro para entregar aos que, como o Abel e Tino, estudaram, trabalharam e que conseguem sucesso. Ou eras a favor que se deveria taxar fortemente aqueles que conseguem lucro para distribuir a todos os outros que querem continuar a apostar no Sporting a vencer o campeonato - não era saudável, os de mais sucesso deixariam de ter vontade de jogar e depois nem para uns nem para outros.
Limitando o estímulo de superação ( não quer dizer só dinheiro, tambem pode querer dizer altruísmo) para a curto prazo igualar materialmente as pessoas, pode ser pernicioso para todos em geral.
Em conclusão: ha mais, é natural que uns consigam mais, globalmente todos tem beneficiado e a longo prazo haverá convergência (com uma distribuição normal).

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