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O fim do jardim de Jardim

por NSR, Domingo, 04.09.11

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1974855&opiniao=Rui%20Moreira

 

Opinião

 

Rui Moreira

 

Perante notícias que davam conta do provável fim da zona franca da Madeira, de benefício desconhecido para o país, Alberto João Jardim ameaçou com a independência do arquipélago. O separatismo é assim o último argumento do velho senhor da Madeira, em vésperas de eleições e a braços com a bancarrota da região, cujos contornos vêm sendo conhecidos desde que a troika começou a pedir contas mais detalhadas. Em rigor, a referência à independência é um passo doble de Jardim, que tenta chantagear o Governo da República e, também, congregar apoio dos eleitores, numa região em que tudo parece depender do seu governo, e das suas boas vontades.

 

É claro que na região há muita gente que, de forma discreta, ou mesmo secretamente, detesta o autoritarismo instalado, odeia a nomenclatura que controla os negócios e o despesismo sem tino e se envergonha com o tom e o teor dos discursos de Jardim. Há muitos outros que viveram anos e anos à custa da economia artificial, que têm emprego garantido no gigantesco sector público da região, e que sabem ou pressentem que, doravante, nada será igual. O problema é que como a região está falida, nem uns nem outros vêem que haja uma alternativa, e muitos ainda acreditam que Jardim conseguirá, com o seu discurso ingrato, atemorizar o Governo dos cubanos e manter em silêncio o Sr. Silva, que sobre a Madeira não tem opinião. Por essa razão, Alberto João é visto como o vencedor antecipado das eleições regionais, ainda que se admita que possa perder votos. Mas essa vitória anunciada pouco ou nada resolverá. Os súbditos continentais de Jardim, porque é isso que somos neste sistema colonial invertido construído após o 25 de Abril, em que os insulares foram poupados a pagar a sua parcela nos custos de soberania, não podem continuar a sustentar esta situação e a saldar as dívidas que se continuam a acumular em ambas as regiões autónomas. Por isso, espero que o Governo não se atemorize nem ceda a pressões. Espero que se limite a cumprir as obrigações constitucionais que são mais do que suficientes em termos de solidariedade territorial e que não hesite em reduzir o custo das empresas públicas.

 

Se Carlos César não quer fazer ajustamentos nos salários da Função Pública e quer ter empresas regionais inviáveis e inúteis, deve pagar a factura à custa dos seus eleitores.

 

Se Alberto João não tem dinheiro para pagar aos fornecedores do seu sector público, que aumente o IVA na Madeira, pelo menos para níveis idênticos aos que vigoram no continente. E se quiser propor um referendo na Madeira sobre a independência da região, estarei entre aqueles que aplaudirão a sua iniciativa.

 

Creio que os madeirenses não partilham desse sentimento separatista que Jardim sempre teve dificuldade em ocultar, e que apenas volta a revelar agora, por desespero. Mas, se o referendo for nacional, temo bem que o voto favorável à independência, que não é a minha escolha, venha a ser maior no continente do que na Região Autónoma da Madeira, porque os continentais, que Jardim apouca, estão fartos de carnavais. Gosto muito da Madeira, acho piada a Jardim, não me aflijo com as suas bravatas, reconheço o que fez no passado para contrariar o centralismo de Lisboa, mas tenho dúvidas sobre muitas das suas obras, que retiraram à Madeira algumas das características únicas e levaram à estagnação do turismo, e tenho a certeza que o monstro que criou, com sector público exagerado à custa de uma subsidiodependência cada vez maior, é um espectáculo caro e um luxo insustentável para um país como o nosso.

 

A sua eternização no poder resulta das contradições do estatuto autonómico, na medida em que os grandes contribuintes para as suas políticas não votam, sendo natural que os beneficiários locais o apoiem enquanto acreditarem que a sua fórmula é eficiente. Lamento, também, que Jardim tenha contribuído, assim, com o seu estilo e com os seus exageros, para dar argumentos aos centralistas, criando um monstro cuja incontinência ajudou a enterrar a regionalização.

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por NSR às 23:39

2 comentários

De Barros a 06.09.2011 às 18:11

Bem, já chego tarde a esta discussão.
O meu obrigado ao Zangão mas eu também tenho de malhar no insular. Em relação às urgências do HSJ, neste momento a única urgência de Urologia do Norte 24h, foram-me impostas. Ou seja, tenho de as fazer. E já passei noites quase sempre a trabalhar e outras mais tranquilas. Como já te deve ter acontecido. Agora se as tuas urgências são mais trabalhosas, o único responsãvel és tu que escolheste livremente a tua especialidade. Ou querias receber à peça?
Dos Açores não falo que tenho pouca noção da realidade.
Agora da Madeira posso dizer uma ou outra coisa. Os Madeirenses perdoam o estilo animalesco do Alberto João porque não permite que ninguém viva da miséria, seja com um empregozito na dependência da região autónoma ou através de subsíduos. Agora o que é engraçado é a ambiguidade de Alberto João. Gosta de depender do continente para sorver dinheiro mas por outro lado quer autonomia no limite de endividamento da região, sacrifícios a pedir à população e nas "contas" a prestar a Lisboa. Ou seja, quer o melhor dos 2 mundos. A conversa da independência é bluff. Gostava de ver a Madeira independente a viver da produção de bananas.

De Abel a 06.09.2011 às 18:42

"Em relação às urgências do HSJ, neste momento a única urgência de Urologia do Norte 24h, foram-me impostas"

A ti a a todos, nenhum de nós faz urgência porque quer.

"Agora se as tuas urgências são mais trabalhosas, o único responsável és tu que escolheste livremente a tua especialidade. Ou querias receber à peça?"

Tal como podes escolher livremente a especialidade, podes escolher livremente o local onde vais trabalhar. Criticar-se as vantagens de uma escolha mas não de outra é demagogia intelectual.

"Dos Açores não falo que tenho pouca noção da realidade. Agora da Madeira posso dizer uma ou outra coisa."

Sim... porque os Açores não conheces bem mas a Madeira conheces perfeitamente bem.

"A conversa da independência é bluff. Gostava de ver a Madeira independente a viver da produção de bananas"

O Alberto é esperto, faz-se de bruto porque já viu que resulta. A Madeira nunca ficaria isolada, colava-se logo com 1001 protocolos a outro país. Mais uma vez, é uma questão de coesão nacional. Se o Alberto gasta o que não tem, prisão com ele. é uma questão pessoal e não institucional.

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